quarta-feira, 6 de junho de 2012

EXEMPLOS QUE PODEM SER PRATICADOS NA NOSSA AMADA CANGUARETAMA!


Mesquita aceita o desafio da coleta seletiva

A cidade tem papel relevante na difusão de práticas sustentáveis para outros municípios, especialmente os vizinhos, por estar situada no miolo da Baixada Fluminense, Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
           No caminhão, além dos catadores, há um fixador de ideias, que conversa com os moradores sobre a coleta seletiva.

O Programa de Coleta Seletiva Solidária do município de Mesquita, iniciado em 2006, é referência no estado do Rio de Janeiro por seguir as diretrizes do Movimento Nacional dos Catadores, por envolver os catadores no Planejamento Participativo e pelo seu caráter de política pública. Sob a coordenação da Secretaria de Meio Ambiente, reúne recursos humanos e técnicos das secretarias de Educação, Saúde, Ação Social, Cultura e Urbanismo.
O prefeito ressalta que “políticas públicas participativas e integradas são importantes para o sucesso dos programas ambientais, vistos como idealismo no passado e hoje considerado necessidades imperiosas”. Também lembra que Mesquita tem papel relevante na difusão de práticas sustentáveis para outros municípios, especialmente os vizinhos, por estar situada no miolo da Baixada Fluminense, Região Metropolitana do Rio de Janeiro, com uma área verde duas vezes maior que a urbana, além de uma Área de Proteção Ambiental (APA).
O programa
O programa foi iniciado com a parceria da Cooperativa Mista de Coleta Seletiva e Reaproveitamento de Mesquita (Coopcarmo), que atua desde 1993 no município e possui maior grau de sustentabilidade. A associação também se tornou centro de treinamento de novos catadores, que passam uma semana aprendendo o trabalho e depois são direcionados para o galpão mais próximo de onde moram. Os primeiros catadores tinham a experiência das ruas. Aos poucos, foram sendo incorporadas pessoas com outro perfil, e os mais experientes, além de se aperfeiçoarem na função, passaram a ensiná-las: a metodologia catadora ensina catador é inédita. Hada Rúbia, diretora financeira e ex-presidente da Coopcarmo, são hoje contratada da prefeitura para acompanhar os novos grupos. Para ela, o sucesso da cooperativa se deve à sabedoria popular misturada à técnica: “O técnico tem a visão só do dinheiro. Pra mim, o mais importante é a vida”.

Com o patrocínio da Petrobras, renovado, chegaram mais dois caminhões. Foram criadas a Cooperativa de Mulheres da Baixada (Coomub) e a Associação Esperança de Trabalhadores de Recicláveis de Mesquita e dois novos grupos estão em formação. Os catadores são vinculados às cooperativas e remunerados para dar treinamento externo em empresas que aderem ao Programa Empresa Amiga do Catador. A prefeitura arca com os custos operacionais, um investimento mensal de R$ 22 mil em 2011, que envolvem gastos com combustível dos caminhões (também financiado por parcerias locais), manutenção dos galpões, luz, água e telefone.
As rotas de coleta cobrem parte do município, 10 quilômetros diários da área urbana de cerca de 15 quilômetros quadrados. A Coleta Seletiva Solidária alcança cerca de 12% dos imóveis cadastrados no IPTU. São recolhidas 65 toneladas por mês, entre 6 mil residências – em parte delas há uma placa de identificação como participante do programa, contribuindo para atrair outros moradores –; 34 escolas municipais, duas estaduais e três particulares; 48 órgãos públicos e quarenta empresas de diferentes portes e ramos, certificadas com o selo Empresário Amigo do Catador. Os Pontos de Entrega Voluntária (PEVs) estão localizados nas repartições municipais, escolas, postos de saúde e na Casa da Mulher.
Educação e cidadania
Os educadores ambientais, concursados, participam nas escolas da educação para a cidadania e a sustentabilidade ambiental, ação que envolve não apenas os alunos, mas professores e outros funcionários. Um dos focos são as merendeiras, fundamentais na separação dos resíduos.O trabalho já atingiu cerca de 19 mil alunos, seiscentos professores e cerca de cem profissionais de apoio, entre merendeiras, inspetores e serviços gerais.

O Projeto conta com palestras para adultos e jovens nas escolas e desenvolvidas atividades lúdicas para crianças a partir dos 3 anos de idade. Também ocorrem em atividades comunitárias e dias festivos, como o Dia da Família. O objetivo é aplicar os 3Rs: reduzir, reciclar e reutilizar.
Em 2010, foi concluído o Plano Municipal de Educação Ambiental, coordenado pelas Secretarias de Meio Ambiente e da Educação e pela (UFRJ), com participação de uma Comissão de Consulta Pública formada por diversos segmentos da sociedade civil e do governo. O Centro de Educação e Justiça Ambiental e o Projeto Sala Verde mantêm um espaço aberto para a população, com biblioteca especializada, folhetos, vídeos, além de palestras e oficinas, que podem ser dadas também nas escolas e comunidades.

Parcerias e resultados
Os atuais parceiros são Petrobras, Sebrae, Ministério das Cidades, Caixa Econômica Federal, Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Limpeza e Afins (Ablipla), igrejas, empresários locais de diversos ramos e a Organização das Cooperativas do Brasil (OCB/Sescoop-RJ), cuja participação é mais recente e tem por objetivo a formação de lideranças e de cooperativas, processo constante, bem como a capacitação de catadores para a autogestão.
Entre os resultados estão a adoção de critérios ambientais nas atividades da administração pública (A3P-Agenda Ambiental na Administração Pública); a inserção e valorização do catador individual, através de capacitação profissional; a criação de novas cooperativas; o fornecimento de equipamentos adequados para essas práticas; e a construção de novos galpões. O programa resgata a identidade e a cidadania dos catadores, que agem como multiplicadores.
A continuidade do programa é assegurada pelo marco legal do Programa de Coleta Seletiva, estabelecido desde 2002 pela Lei Municipal n° 125, seguida de decretos relacionados; pelo orçamento municipal; pela participação cidadã da população; e pelo controle social, através do Conselho de Meio Ambiente de Mesquita. A secretária de Meio Ambiente, que também é membro da Associação Nacional de Órgãos Municipais de Meio Ambiente, ressalta que “o maior desafio é fazer a coleta seletiva de forma solidária, incluindo as práticas da gestão participativa adotada pelo município”. Em 2012, como resultado de projetos encaminhados à Funasa e aprovados, a Coopcarmo e a Associação Esperança receberão cada uma R$ 200 mil para compra de caminhão e equipamentos.
Premiação
O Programa de Coleta Seletiva Solidária de Mesquita foi escolhido o melhor trabalho desenvolvido no Brasil, na categoria Administração Pública, na 3º edição do Prêmio CEBDS de Desenvolvimento Sustentável (2007); conquistou o Prêmio Melhores Práticas da Gestão do Dinheiro Público, promovido pelo Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (2008); o Troféu Atitude Sustentável da Câmara de Comércio e Indústria do Estado do Rio de Janeiro; o prêmio Melhores Práticas, da Caixa Econômica Federal (2009).

Em 2010, a Coopcarmo recebeu o Prêmio Compromisso Empresarial para a Reciclagem e Vânia Gomes, da Associação Esperança de Trabalhadores de Recicláveis de Mesquita, e Hada Rúbia da Silva o prêmio Mulher de Negócios do Sebrae.

Licenciamento e resíduos sólidos
O município, que cumpre o previsto na Lei de Resíduos Sólidos desde 2005.Segundo dados do IBGE de 2011, 50,8% das cidades brasileiras depositam seus resíduos em lixões, 27,7% em aterros controlados e apenas 21,5% de forma adequada e segura para o meio ambiente e para a saúde. Artur Messias ressalta que há duas questões pontuais referentes à coleta seletiva: a legal, vinculada à Lei de Resíduos Sólidos, e a relativa aos benefícios do ICMS Verde. “Mesquita, por suas práticas, alcançou o terceiro lugar em montante desse imposto. É importante deixar claro a diferença entre royalties, que são valores para reparar danos causados ou impactos, e o ICMS Verde, que significa, ao contrário, investimentos nas questões ambientais”, diz o prefeito.

Ele lembra ainda que o Programa de Coleta Seletiva está em etapa mais avançada, pois no início cada catador catalogado tinha sua rota e renda individual e atualmente a venda é conjunta. “Enfrentamos resistências, mas, uma vez que os catadores se apropriaram da lógica econômica de sua atividade, passaram a confiar mais e perceber como esse trabalho coletivo pode ser desenvolvido com a participação e controle deles mesmos.” Artur Messias chama a atenção para a urgência da reforma urbana, ainda em processo, e reitera que “a permeabilidade da gestão, não centralizada, permite traçar as políticas públicas com participação de todos, 'com’, e não ‘para’, o povo”.
Fora do programa, a coleta de resíduos do município  conta com nove caminhões, que transportam cerca de 160 toneladas diárias de resíduos orgânicos e inorgânicos à Central de Tratamento de Resíduos de Nova Iguaçu S.A., que dá destinação ambientalmente correta aos resíduos sólidos, por meio de arranjo institucional com a Secretaria do Estado de Ambiente. O município foi o primeiro a deixar de levar seus caminhões para descarte no Aterro de Gramacho, que será desativado em junho de 2012.

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